PIEF de Viana do Castelo
Artigo publicado no Jornal de Notícias
Texto de Luís Henrique Oliveira, foto de Leonel de Castro
Artigo publicado no Jornal de Notícias
Texto de Luís Henrique Oliveira, foto de Leonel de Castro
Acanham-se com a pergunta e olham para os pais em jeito de quem procura por consentimento. Mas, quando este lhes é dado, não se inibem de responder à questão e de dizer que "é muito bom voltar à escola".
São meninas, todas elas ciganas. Muitas delas há muito que não punham o pé num estabelecimento de ensino. "São as nossas tradições", esgrimem, algo inseguras, repetindo máximas de familiares que contribuem sobremaneira para explicar o abandono escolar feminino, a partir do 2.º Ciclo do Ensino Básico.
Em Darque, Viana do Castelo, foi a escola a ir ao encontro dessas menores, criando uma sala situada a escassa distância dos bairros onde vivem, espaço esse unicamente destinado a meninas ciganas há muito arredadas do ensino. Após dificuldades que se prenderam com a escolha de uma sala, situada no exterior da escola - espaço arrendado para o efeito pela Câmara Municipal -, as aulas arrancaram na passada segunda-feira, com 12 menores, com idades que vão dos 11 aos 18 anos, muitas delas com o 1.º Ciclo ainda por completar, uma vez que as famílias recusavam deixá-las ir à escola para frequentarem turmas com rapazes.
"Num contexto em que as medidas associadas ao Rendimento Social de Inserção falham e os meios mais firmes têm poucos resultados, a alternativa a uma situação transitória de turma só feminina é perder-se para as crianças e jovens mais um ano fora da escola, pelo que esta é a solução possível", assevera o director do Agrupamento de Escolas de Darque, Luís Sottomaior Braga, considerando a turma criada como "a oportunidade destas jovens irem à escola".
Dando conta da existência de menores que integram a turma que "não regressavam à escola há anos", confidencia que a localização da sala no exterior do recinto escolar (no caso, no interior de galeria comercial), funcionou como uma das mais-valias da proposta, dada a proximidade ao local de residência da maior parte das alunas, "tornando, assim, mais fácil para elas virem à escola, a exemplo de experiência realizada em Beja, com bons resultados".
O responsável assinala, ainda, que o próprio corpo docente, integrado maioritariamente por mulheres, apresenta-se como um dos trunfos para o êxito da medida, observando que, em cada hora, encontram-se na sala dois docentes e um técnico de acção social.
Domiciliado em Darque e pai de menina de 12 anos que concluiu, há um ano, o 1.º Ciclo, Manuel Pinto aplaude a proposta, assinalando que, caso a solução não fosse encontrada, a filha permaneceria em casa: "As próprias meninas não se sentem bem", afiança, assinalando que a criação da sala "permitirá a que elas tenham mais estudos, o que lhes pode vir a fazer falta, no futuro".
"Eu quero continuar, estou a gostar muito. Mas só com as minhas colegas. Só com as meninas", acrescenta a filha, Flávia, considerando que os primeiros dias de aula no improvisado espaço, situado no coração da localidade, "correram muito bem". "Tinha saudades da escola", assegurou.
Menos segura quanto aos seus sentimentos manifestou-se a prima, Cláudia, menina de 11 anos: "Ainda não tenho uma opinião, hoje (ontem) foi o meu primeiro dia. Mas foram todos muito simpáticos connosco", contou a jovem ao JN.
São meninas, todas elas ciganas. Muitas delas há muito que não punham o pé num estabelecimento de ensino. "São as nossas tradições", esgrimem, algo inseguras, repetindo máximas de familiares que contribuem sobremaneira para explicar o abandono escolar feminino, a partir do 2.º Ciclo do Ensino Básico.
Em Darque, Viana do Castelo, foi a escola a ir ao encontro dessas menores, criando uma sala situada a escassa distância dos bairros onde vivem, espaço esse unicamente destinado a meninas ciganas há muito arredadas do ensino. Após dificuldades que se prenderam com a escolha de uma sala, situada no exterior da escola - espaço arrendado para o efeito pela Câmara Municipal -, as aulas arrancaram na passada segunda-feira, com 12 menores, com idades que vão dos 11 aos 18 anos, muitas delas com o 1.º Ciclo ainda por completar, uma vez que as famílias recusavam deixá-las ir à escola para frequentarem turmas com rapazes.
"Num contexto em que as medidas associadas ao Rendimento Social de Inserção falham e os meios mais firmes têm poucos resultados, a alternativa a uma situação transitória de turma só feminina é perder-se para as crianças e jovens mais um ano fora da escola, pelo que esta é a solução possível", assevera o director do Agrupamento de Escolas de Darque, Luís Sottomaior Braga, considerando a turma criada como "a oportunidade destas jovens irem à escola".
Dando conta da existência de menores que integram a turma que "não regressavam à escola há anos", confidencia que a localização da sala no exterior do recinto escolar (no caso, no interior de galeria comercial), funcionou como uma das mais-valias da proposta, dada a proximidade ao local de residência da maior parte das alunas, "tornando, assim, mais fácil para elas virem à escola, a exemplo de experiência realizada em Beja, com bons resultados".
O responsável assinala, ainda, que o próprio corpo docente, integrado maioritariamente por mulheres, apresenta-se como um dos trunfos para o êxito da medida, observando que, em cada hora, encontram-se na sala dois docentes e um técnico de acção social.
Domiciliado em Darque e pai de menina de 12 anos que concluiu, há um ano, o 1.º Ciclo, Manuel Pinto aplaude a proposta, assinalando que, caso a solução não fosse encontrada, a filha permaneceria em casa: "As próprias meninas não se sentem bem", afiança, assinalando que a criação da sala "permitirá a que elas tenham mais estudos, o que lhes pode vir a fazer falta, no futuro".
"Eu quero continuar, estou a gostar muito. Mas só com as minhas colegas. Só com as meninas", acrescenta a filha, Flávia, considerando que os primeiros dias de aula no improvisado espaço, situado no coração da localidade, "correram muito bem". "Tinha saudades da escola", assegurou.
Menos segura quanto aos seus sentimentos manifestou-se a prima, Cláudia, menina de 11 anos: "Ainda não tenho uma opinião, hoje (ontem) foi o meu primeiro dia. Mas foram todos muito simpáticos connosco", contou a jovem ao JN.
Quero desejar muito sucesso a esse grupo e dizer que em Lisboa, no Bairro da Ameixoeira, também existem duas turmas que iniciaram o seu percurso no ano passado. Quem sabe e um dia poderemos encontrar-nos...
ResponderEliminarUm abraço especial para todas
margarida petra
EMM Lisboa/Oeste
Revejo esta realidade no PIEF onde trabalho (MOURA). No inicio as jovens quando regressaram a uma sala de aulas, passados alguns anos mostravam-se inseguras e passados dias não seria de comparar como se incluiram neste processo, sentem-se parte activa de todo este processo e estão uma maravilha. Evoluiram bastante e estão radiantes, tem um olha reluzente com esperança no futuro que passará por não deixar mais a escola. Força.
ResponderEliminarRevejo esta realidade no PIEF onde trabalho em Moura.
ResponderEliminaré espetacular como hoje vejo as jovens com um olhar brilhante, um coração cheio de esperança por um futuro melhor e uma vontade de nunca mais largar a escola.
A jovens estão cada vez a integrar-se melhor e sentem-se parte ativa de todo este processo PIEF.
Força aí.